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COMO VER A FILIGRANA DE UM SELO? Parte 1

Parece ser uma pergunta bastante estúpida, porém é uma pergunta recorrentemente feita pelos novos filatelistas. Ninguém é obrigado a saber tudo sobre algum assunto se acabou de tomar conhecimento dele. Logo, muitos filatelistas, principalmente os iniciantes, têm muitas dúvidas sobre a ciência de se colecionar selos. Sim, é uma ciência, além do hobby. O colecionar dos selos, principalmente os ordinários mais antigos, requer muito tempo, paciência e dedicação ao estudo científico que ele requer. Afinal, que graça tem juntar um monte de pedaços coloridos de papel sem saber o que representa e o que representaram tais pedacinhos? Então é por aqui que vamos começar a entender o que é uma coleção e um colecionar científico de selos interessado nas filigranas.

Estou lançando esta nova série de artigos para explicar sobre as filigranas nos selos ordinários brasileiros. O objetivo vai da forma em que se determina qual a filigrana que um selo possui até a análise de como essa filigrana se apresenta e se está aposta da forma correta ou se é uma variação.

O que é filigrana (ou marca d'água)?

Filigrana é um sistema bastante antigo de colocar segurança em um impresso para evitar falsificações do mesmo. Esse sistema de segurança surgiu no Século XIII, na Itália, na cidade de Fabriano, em uma fábrica homônima a cidade e que ainda hoje é referência na fabricação de papéis de qualidade superior. A filigrana surgiu para tornar a impressão de documentos valiosos, como as cédulas de dinheiro, as apólices em geral e outros documentos oficiais, mais seguros contra as falsificações. A filigrana consiste em se colocar uma imagem ou palavras (e siglas) prensadas na massa do papel, por um sistema que afina a espessura do papel nas áreas que formam as imagens e palavras usados como segurança. Vamos ver como era feita na forma mais primitiva para podermos entender melhor.

Como se "colocavam" filigranas nos selos?

Vamos começar com um exemplo. Antes da impressão do selo, ainda na confecção do papel criava-se em arames os desenhos e/ou palavras (a partir de agora tratadas como desenhos) que iriam estar presentes naquele tipo de papel (Fig 1). Preparava-se a massa do papel e ao colocar-se um arame devidamente torcido formando o desenho, ou em madeira dura entalhada, prensava-se o papel e a partir desta técnica o papel onde havia recebido a pressão deste arame ou madeira, se tornava mais fino e se apresentava como uma espécie de desenho "invisível" ao primeiro olhar, porém visível em determinadas situações.




Figura 1

O papel após estar seco estaria pronto para receber a impressão. Esta é a maneira mais primitiva. Depois criou-se o conceito de cilindros com os respectivos desenhos escavados, os quais eram mais duráveis e com "impressões" mais consistentes, uniformes. Como geralmente a impressão tem alguma cor mais escura do que o próprio papel, a filigrana não ficava visível como a impressão, só podendo ser percebida em circunstâncias específicas, mostrando então, o seu desenho característico (Fig. 2). Hoje em dia os cilindros que prensam as filigranas nos papéis de segurança são criadas a partir de desenhos feitos por artistas especializados em desenhar filigranas.




Figura 2

Para saber mais: A técnica da filigrana (em italiano)

Nesta primeira parte tivemos uma visão geral e simples do que é filigrana e de como ela aparece nos selos e o porquê. Na segunda parte deste artigo, veremos como ela se apresenta em um selo. Fique atento.


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AUTOR: Romeu Vanni de Natale

3 comentários:

  1. Muito obrigado pela explicação, detalhada e com rigor. Muito útil
    abraço

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  2. Novo link para figura 1 > https://www.museodellacarta.com/media/images/cucitura_filigrane.jpg

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  3. Novo link para figura 2 > https://www.museodellacarta.com/media/images/annarita.jpg

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